/ Dicas Mecânicas

Montadoras brasileiras


O Brasil é um dos países do mundo que mais produz automóveis. Segundo dados da ANFAVEA, já somos o 6º maior produtor, com mais de 2 milhões de automóveis fabricados anualmente.


Dois fatores importantes explicam esses números superlativos: o tamanho do mercado consumidor interno e as políticas governamentais de incentivo à produção local que se iniciaram na década de 1950 com o governo de Juscelino Kubitschek e que perduram até os dias de hoje.


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Entre tantos carros, algum é 100% brasileiro?


Temos mais de dez montadoras estrangeiras produzindo veículos no Brasil com mais de vinte marcas diferentes. Contudo, apesar de terem instalações locais praticamente todas essas indústrias são controladas por capital estrangeiro. O que nos leva à seguinte pergunta, por que não existe nenhuma montadora de carros brasileira? Afinal, somos o único país dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) sem uma marca de carros própria.
Na verdade, o Brasil tem algumas indústrias de capital nacional, mas que são focadas em produção de veículos para nichos de mercado específicos que são desconhecidos da maioria das pessoas. Algumas empresas até tentaram produzir carros populares mas acabaram falindo.
Vamos voltar um pouquinho no tempo para entender o que aconteceu com nossa indústria automotiva…

Montadoras brasileiras


O Brasil já testemunhou várias tentativas de criar grandes montadoras nacionais. Vários desses projetos sequer saíram do papel, outros tantos acabaram fracassados e alguns poucos, para felicidade geral da nação, tiveram sucesso e acabaram sendo vendidos para grandes montadoras internacionais. E, para surpresa de alguns, algumas empresas ainda existem pra contar história…

Várias iniciativas de criar montadoras nacionais sequer saíram do papel. Confira as mais conhecidas:

Joagar

Nos primórdios da indústria nacional, pequenos empresários se lançaram num sonho de produzir carros brasileiros. Foi o caso de Joaquim Garcia, músico e torneiro mecânico da cidade paulista de Jaboticabal. Ele passou os anos 50 fazendo, artesanalmente, cupês e caminhonetes com a marca Joagar. Apenas sete carros foram produzidos (o último em 1960).


IBAP

Nos anos 60, o empresário Nelson Fernandes tentou criar a Indústria Brasileira de Automóveis Presidente (IBAP). Seria, em tamanho, duas vezes maior que a Volkswagen. Para atrair acionistas, seu produto inicial seria o Democrata: cupê de fibra de vidro com motor V6 italiano montado na traseira. O Banco Central interveio e o projeto foi encerrado.


Diaseta

Em 1981, o empresário paulista Humberto Pereira Dias tentou relançar a Romi-Isetta, microcarro fabricado no Brasil entre 1956 e 1960. Ele pegou um modelo original e fez uma “atualização” no estilo – nascia o protótipo da Diaseta. A fábrica em Montes Claros (MG) nunca saiu do papel, mas a única Diaseta construída ainda funciona.


Emme

Ninguém sabe quem era o dono da empresa – oficialmente, um “grupo de Lichtenstein bancado por investidores suíços”. Fato é que, em 1997, foi anunciado que um “Lotus brasileiro” seria fabricado pela Megastar Veículos em Pindamonhangaba (SP). O estilo plagiava o carro-conceito Volvo ECC. A empresa fez artesanalmente uns 15 sedãs e fechou.


Obvio!

A Obvio! afirmava que fabricaria 50 mil automóveis por ano em Xerém, gerando 4 mil empregos. Criação de Ricardo Machado, a empresa contava com suporte da californiana ZAP, que teria feito a compra antecipada de 150 mil carros e aplicado US$ 25 milhões no negócio. O projeto mudava ao passar do tempo e “produção” não passou de um protótipo, em 2005.


Rossin-Bertin Vorax

O Vorax seria o primeiro superesportivo brasileiro. No Salão de SP de 2010, foram mostrados um cupê e um conversível exóticos, com mecânica de BMW Série 6. O projeto era do ex-engenheiro da GM Fharys Rossin, bancado por Natalino Bertin Jr, milionário dos frigoríficos. O Vorax custaria R$ 700 mil e seria fabricado em Blumenau.


DoniRosset

Motorista em posição central, motor V10 de Dodge Viper e dois turbos – eram 1.007cv! No início, William Rosset só queria fazer um supercarro para presentear ao pai. Em 2012, porém, anunciou planos de vender 50 exemplares, por R$ 2 milhões cada. Era o DoniRosset (ou Amoritz GT). Não passou de um mock-up, modelo em escala real mas sem mecânica.


Pompéo

Projetado em Cascavel (PR), o triciclo Pompéo (nome emprestado por um de seus criadores, o engenheiro e professor Renato César Pompeu) inicialmente teria mecânica de moto. Depois, vieram planos de fabricar uma versão elétrica, com baterias de íon-litio. Os preços iriam de R$ 30 mil e R$ 60 mil e a produção teria início em 2012.


JPX

Nos anos 90, Eike Batista fez os jipes JPX em Pouso Alegre (MG). Em 2010, tentou um acordo com a indiana Tata. Depois, falou com o inglês Gordon Murray sobre o microcarro T.25 (foto). Por fim, disse que fabricaria compactos elétricos no Super Porto do Açu (RJ). O investimento seria de US$ 1 bilhão e a produção inicial, de 100 mil veículos.


Projetos Fracassados


Por várias décadas várias empresas brasileiras conseguiram desenvolver, produzir e vender carros 100% nacionais, mas que acabaram falindo por diversas razões, como falta de capital, marca, design ou tecnologia. Em cada um dos casos abaixo alguma característica incorreta do produto acabou por levar as empresas à falência. Conheça um pouco da história dessas empresas:

Gurgel, Lobini e a Engesa: veículos inicialmente militares mas que tem suas versões para jipeiros rodando bem por aí…


Gurgel

A Gurgel Motores S/A foi fundada em 1969 pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel e sobreviveu por 27 anos, chegando a produzir cerca de 30 mil veículos.

O Cena, rebatizado de BR 800, fazia 25 km / litro e atingia 110 km /h.


Brasinca

A Brasinca foi uma indústria que se dedicava à produção de carroceria para caminhões, mas acabou se aventurando na produção de automóveis com o desenvolvimento do cupê esportivo 4200 GT. Devido ao alto custo de produção a empresa desistiu de produzir o veículo, mas os engenheiros da fábrica criaram a Sociedade Técnica de Veículos Ltda (STV) para levar adiante a produção e venda do carro, rebatizado de Uirapuru.


Lobini

A Lobini, cujo nome é derivado dos sobrenomes dos fundadores da empresa, os empresários José Orlando Lobo e Fábio Birolini, foi criada em 1999 e em 2006 foi adquirida pela Brax Automóveis, que manteve uma produção em baixa escala em Cotia-SP até 2011. A empresa apostou na criação de carros com estilo esportivo e produziu cerca de 70 carros, dentre os quais se destacou o modelo H1, que tinha um motor 1.8 20v


Lafer

A Lafer é uma empresa brasileira que ganhou notoriedade com sua produção moveleira de alto padrão e acabou apostando na produção de automóveis entre as décadas de 1970 e 1990. A marca quis se diferenciar produzindo carros com estilo clássico e sua produção total superou as 4 mil unidades em três modelos diferentes: MP Lafer, MP Ti e MP II.


Puma

A PUMA foi a marca brasileira a produzir o maior número de automóveis esportivos, os modelos mais conhecidos são: Puma GT, Puma GTE (este é o modelo que foi produzido em maior quantidade) e Puma GTB. A marca, criada para produzir veículos para as pistas de corrida, apostava no design arrojado e se diferenciava pela carroceria de fibra de vidro. Em 1995 foi vendido o último automóvel com a marca Puma, um AM-4 Spyder.


Romi-Isetta

O Romi-Isetta foi um automóvel produzido no Brasil, entre 1956 e 1961, pelas Indústrias Romi S.A., com sede em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo. Em 1955, a famosa marca italiana Iso concedeu os direitos de produção do Isetta para a empresa brasileira Indústrias Romi S.A., fabricante de máquinas industriais e agrícolas fundada em 1930 pelo comendador Américo Emílio Romi e seu enteado Carlos Chiti, com sede em Santa Bárbara d’Oeste (São Paulo). Ao todo, no período de 1956 até 1961, foram fabricadas cerca de três mil unidades no Brasil, muitas das quais ainda hoje permanecem nas mãos de colecionadores.


Miura

Miura foi uma marca de automóveis brasileira, criada pela Besson, Gobbi S/A. Foi fundada em 1976 e extinta em 1992, quando da abertura do mercado nacional aos veículos importados. Focou sua produção em modelos esportivos, geralmente dotados de mecânica Volkswagen, montados sob chassi tubular e carrocerias em fibra de vidro com desenhos próprios. Foi pioneira na apresentação do sistema de Freios ABS em 1990. Apesar de ter fechado em 1992, a empresa recebeu encomendas até 1995, quando parou de vender a picape BG Truck.


NBM

A NBM – Nasser Brasil Motores Indústria e Comércio de Veículos LTDA, foi uma fabricante de automóveis brasileira, instalada na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A empresa funcionou de 1984 a 1988[1]. O Jornada foi seu principal veículo, lançado em 1984 no XIII Salão do Automóvel de São Paulo, era um esportivo com carroceria tipo targa, com capota de vinil preta ou teto rígido. Utilizava mecânica Volkswagen, motor traseiro refrigerado a ar.


Projetos bem-sucedidos

Algumas empresas tiveram sucesso em seus nichos de atuação e acabaram sendo compradas por montadoras estrangeiras.


Troller

De origem cearense, fundada por um engenheiro formado pelo ITA, a Troller nasceu como um projeto em 1994 para criar um veículo para ralis. O protótipo foi tão bom que em 1997 o modelo RF Sport passou a ser produzido em série. A partir de então os modelos foram aperfeiçoados e a marca virou uma referência em robustez e resistência e alçou voos altos com repetidos sucessos em provas de rali no Brasil e no mundo. Em 2007 montadora do mais famoso jipe 4×4 brasileiro foi vendida para a Ford por R$ 400 milhões, mas continua a operar em Horizonte-CE.

Quem nunca viu um amarelinho desses rodando por aí?


Tecnologia Automotiva Catarinense

A TAC, fundada em 2004 em Joinville (SC), surgiu através de uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) e do governo de Santa Catarina com o objetivo de aproveitar e otimizar o business cluster formado pela grande quantidade de produtores de peças automotivas nas regiões Carbonífera Catarinense, do Vale do Itajaí e da Grande Florianópolis.

Em 2009, após 5 anos de desenvolvimento, a empresa inicia a produção em escala do TAC Stark. Nesse mesmo ano a empresa transferiu sua produção para o polo industrial de Sobral, no Ceará.

Em 2015 a empresa foi comprada pela montadora chinesa Zotye com um investimento de R$ 190 milhões, que promete produzir e exportar novos modelos.


Marcas existentes

Sem capital suficiente para competir num mercado bilionário, as empresas nacionais procuraram ocupar nichos. Como é o caso da Agrale, que fabrica veículos direcionados para uso bélico.


Agrale

A Agrale foi fundada em 1965, de Caxias do Sul (RS Fundada em 1965, a montadora tem duas fábricas no Brasil e uma na Argentina. Produz tratores, pequenos caminhões, plataformas para ônibus e um utilitário para uso militar.

Agrale, fundada em 1962 e com sede em Caxias do Sul-RS, fabrica caminhões, ônibus e jipes militares e esportivos.

Agrale Marruá, muito utilizado pelo exército brasileiro. A versão 2015 tem motor Cummins 2.8 turbodiesel de 150 cv acompanha bem o ritmo do trânsito e tenta cair no gosto dos donos particulares, com preços entre R$ 170-220 mil


Existem ainda as empresas como a Chamonix e a Americar, fábricas brasileiras de automóveis fora de série, que reproduzem modelos clássicos, geralmente americanos e europeus, em pequenas quantidades.


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